sábado, 25 de junho de 2011

'Agora é comigo. Eu não choro mais de madrugada; não me chamo mais de tonta em frente ao espelho; não borro mais com a mão o meu batom vermelho. Não puxo os meus cabelos. Não brigo mais. Nada de gritos e palavrões. Nada de portas batidas rachando as paredes aos poucos. Nada de perseguições. A partir de hoje, não acredito mais em bonecos de noivos em cima de bolo cheio de creme. Em fatia cortada de baixo pra cima. Em goles de bebida em copos cruzados. Não me derreto mais com flores no meio do dia. Não acredito mais em frases quase dentro da orelha. Em lambidas no pescoço. Em telefonemas. Não me impressiono mais com laços grandes em caixa de presente. Não sou mais a boazinha, a paciente. A partir de hoje, pedra no lugar do coração. Nada de sofrimento, dor, envolvimento. A partir de hoje, abandono de vez o papel de santa. Serei puta. A partir de hoje, mais nada.'
(Eduardo Baszczyn)

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