sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Deixe minha culpa em paz

(...)Família é boa para gerar traumas, aproveitemos, traumas são as únicas lembranças que não serão esquecidas.

A culpa nos torna atentos, missionários dos cílios. O homem só é romântico com a culpa. As flores criminosas crescem à vontade na ponta de seus dedos. Homem culpado é humilde e amoroso como um chapéu na cadeira, um avental no gancho. O sexo é muito mais intenso e voraz com a culpa. Trepa-se como se fosse a última vez sempre. Os pais pedem desculpas pela culpa. Largam a arrogância dos castigos pela audição dos pés. Os bichos aprendem seus hábitos pela culpa. Trocam o cativeiro pela obediência.

Culpa, ó palavra bonita, gostosa de se repetir, dádiva próxima do perdão.

Culpa é voltar para o lugar que nascemos. É se arrepender antes de fazer e continuar fazendo. Uma teimosia que nos leva à perfeição dos erros. Um erro perfeito é virtude. A culpa, não consigo parar de repeti-la, não nos resolve, é um tratamento sincero. Não nos salva, é uma verdade médica. Percebemos que sempre nos enganaremos. Mas é se enganar com gosto, com vontade.

Quem procura se curar é careta. A culpa não tem cura, é libertina, libertadora, retirar adrenalina de todo pecado. Ou alguém nunca se sentiu culpado por nascer? Culpado por amar? Culpado por ser sincero? Culpado pelo talento ou pela falta de talento?

Não pretendo pagar a conta sozinho. Sem culpa, eu me isolo, eu me vejo independente e pronto. Consumido. Não há vela que não se derreta por todos os lados. Culpa é minha crisma, minha primeira comunhão, a alegria de saber que Deus está me enxergando.

Culpa me limita, me põe a recuar na raiva, a desistir da arma e da faca, me violenta antes que cometa violências. Ninguém mata o outro com culpa. A culpa é civilizada. Que tenha culpa antes do que depois.

Sem culpa, não existe vida eterna. É vassoura e cinzas. Uma pazinha e acúmulo de asas transparentes na horta.

Sem culpa, não existe literatura, sequer leitor angustiado pelo final da história.

(...
) Se não gozar, coloque a culpa nela. É melhor do que arrebentar de estresse. Se não for feliz, coloque a culpa nele. É melhor do que acumular pedras nos rins. Não tome as culpas para si, não seja egoísta. Doe sua culpa para doer menos. 

(...)

'Acredito no amor virtual.
Pois nada é mais expansivo e verdadeiro
do que se conhecer pela linguagem.
Nada é mais íntimo e pessoal
do que se doar pela linguagem.'

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Amnésia

“Nenhuma mulher deveria ter memória. A memória em uma mulher é o começo da deselegância”.

(Oscar Wilde)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

''Paremos com essa ideia de que somos inesquecíveis, que somos a pessoa mais importante da vida de alguém, que quem nos desprezou um dia vai perceber que fez cagada. Talvez isso não aconteça. E, se acontecer, espero que você já tenha virado a página, porque ninguém merece ter por perto quem nos machucou e sequer se desculpou. Use a energia que você gastaria imaginando mil coisas e faça algo de bom. Por você.''

Letícia F.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Ela cortou curtinho

'Preservais nossos monumentos sagrados. Não ateais fogo nos templos de Júpiter, Apolo e Marte. Manteis intactas, para serem veneradas pela eternidade, todas as mulheres de cabelo curto”. (Nero)


 557 anos depois de Joana Darc ser atirada na fogueira, eu nasci. Na mesma data.
 Talvez essa seja a inspiração.  Há quem diga q cabelo curto é sinônimo de rebeldia. Pode ser. Só que eu vejo mais como efeito da chegada da modernidade.
O fato é que ao longo da história  as mulheres conquistaram sua independência e foram se equiparando aos homens. Seu espaço na sociedade foi crescendo e o cabelo foi encurtando. 
Evolução da espécie, já tava na hora né?!
Mas ainda há, em pleno século XXI, quem pense q cabelo curto é coisa de homem.  Isso é cissexismo, preconceito tolo. Libertai-vos de toda essa bobagem.
Cortes de cabelo não deveriam corresponder à  identidades de gênero .
Não precisamos de crinas enormes pra sermos femininas.
Mais do que aquilo q existe no meio das nossas pernas,  o que nos faz mulheres está DENTRO das nossas cabeças (e não fora delas.)




quarta-feira, 12 de setembro de 2012

''O mundo exige resultados. Não conte aos outros tuas dores do parto. Mostra teu filho." (Indira Gandhi)

segunda-feira, 3 de setembro de 2012


Envio esta carta porque nunca mais quero você na minha frente. E dessa vez falo sério. Nunca mais quero ouvir a sua voz, mesmo que seja se derramando em desculpas. Nunca mais quero ver a sua cara, nem que seja se debulhando em lágrimas arrependidas. Quero que você suma do meu contato, igual a um vírus ao qual já estou imune.

A verdade é que me enchi. De você, de nós, da nossa situação sem pé nem cabeça. Não tem sentido continuarmos dessa maneira. Eu, nessa constante agonia, o tempo todo imaginando como você vai estar. E você, numas horas doce, noutras me tratando como lixo. Não sou lixo. Tampouco quero a doçura dos culpados, artificial como aspartame.

Fico pensando como chegamos a esse ponto. Como nos permitimos deixar nosso amor acabar nesse estado, vendido e desconfiado. Não quero mais descobrir coisas sobre você, por piores ou melhores que possam ser. Não quero mais nada que exista no mundo por sua interferência. Não quero mais rastros de você no meu banheiro.

Assim, chega. Chega de brigas, de berros, de chutes nos móveis. Chega de climas, de choros, de silêncios abismais. Para quê, me diz? O que, afinal, eu ganho com isso? A companhia de uma pessoa amarga, que já nem quer mais estar ali, ao meu lado, mas em outro lugar? O tédio a dois - essa é a minha parte no negócio? Sinceramente, abro mão. Vou atrás de um outro jeito de viver a minha vida, já que em qualquer situação diferente estarei lucrando. Mas antes faço questão de te dizer três coisas.

Primeira: você não é tão interessante quanto pensa. Não mesmo. Tive bem mais decepções do que surpresas durante o tempo em que estivemos juntos.

Segunda: não vou sentir falta do teu corpo. Já tive melhores, posso ter novamente, provavelmente terei. Possivelmente ainda esta semana.

Terceira: fiquei com um certo nojo de você. Não sei por quê, mas sua lembrança, hoje, me dá asco. Quando eu quiser dar uma emagrecida, vou voltar a pensar em você por uns dias.

Bom, era isso. Espero que esta carta consiga levantar você do estado deplorável em que se encontra. Mentira. Não espero nenhum efeito desta carta, em você, porque, aí, veria-me torcendo pela sua morte. Por remorso. E como já disse, e repito, para deixar o mais claro possível, nunca mais quero saber de você.

Se, agora, isso ainda me causa alguma tristeza, tudo bem. Não se expurga um câncer sem matar células inocentes.
Adeus, graças a Deus.

P.S.: esta não é mais uma dessas cartas-desabafo.

P.S. do P.S.: esta é uma carta-desabafo-quase-música-de-Adriana-Calcanhoto.